segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

XVII - As entrelinhas alinhadas


Não me diga que se cansou de mentiras
Se nessas meias palavras
Disfarçadas em olhares
Sempre finges ter a certeza de um sorriso

E não me entenda como um falso
E não me force a dizer a verdade
Se posso me manter longe da sobriedade
Engolindo em seco teu pecado e teu domínio sobre mim

Sempre que tentas te achar dentro de mim
Descobres que uma parte de ti já está contida
Longe daqui,num canto empoeirado
Da memória do que foi a nossa vida

Não sinta a dissonância dos termos
Não odeie a inconstância deste lugar
E não me peça para te guiar por entre os espinhos
De cada rosa morta que vivemos a regar

E não ouça as entrelinhas que eu invento
Em cada segundo que desperdiço em amar
Tudo que está enterrado e que eu aguento
Fingir a cada noite desenterrar

Um sentimento
Não cobres de mim mais do que um canto triste
De um homem sedento
Por sentir,por ter alguém com quem dividir
Estes momentos a sós,sentados à beira do abismo
Com um violão e uns cigarros
Sozinho a cantar

A dissonância me atinge
Tal qual teus olhares odiosos
Em ver sentado,calado,teu destino
Entregue às reticências e demências do óbvio
E do ridículo
Com uns poucos versos rabiscados em um livro
Sozinho a cantar.

José Augusto Mendes Lobato 26/12/05

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu preferido dos últimossss!
Desculpa aausência,vou ser uma frequentadora assídua agora,tá????
;O**********