segunda-feira, 21 de maio de 2007

Free Box

- Liberdade não é libertinagem.
Isso mata meu amor.
Teus dias sempre foram contados,na verdade.
- Eu sei lá,nem lembro de contar quantos dias a mais já tive!
- Isso é sorte.
- Eu chamo de acaso.

- Tua redoma não protege.
Essas noites recostadas na janela são um saco.
- Não joga isso na minha cara!
Eu preciso te dizer isso...se amanhã eu não acordar,
diz que foi sorte.
Que eu já fui tarde.

Ah,como eu te dou trabalho,meu amor.
E é tão bom viver pra crer
Que eu ainda ando com meus próprios pés
Ao mesmo tempo em que me faço um parasita em ti.

- Inocência é não sentir vontade.
Já te disse,estás comprando a dor
Por correspondência,beijo a morte nua em pêlo
- Juro que vou te dizer a verdade...
Faz dias que não me olho no espelho
Por ter medo de encarar tanta decadência

Tanta frescura não me ofende,
Diz se não é tarde demais,deixa estar,então
Fecha essa janela e deixa eu te desenhar na fumaça
O vidro não estilhaça
A porta não abre
As paredes nunca falam
Ninguém sabe,ninguém saberá

Ah,como eu estou aprisionado,só você entende
É tão bom poder te ter
E te perder e te vencer com um dramalhão qualquer
Eu nem mais ando nos meus pés
Eu me arrasto sem saber pra onde vou
Aonde vou cair de vez,só Deus sabe
Só sei que dessa caixinha eu não saio
E só me calo e paro de encher o ar de fumaça quando morrer.

(Arquivo-dos-não-postados-enquanto-a-criatividade-não-vem - Março - 2006)

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Prolixo



Acorda, levanta, come, fuma, toma banho, anda,
Rua!

É todo dia a mesma confusão,
rotina cíclica, hipertensão,
e não me venha com mais conselhos!

Chega, senta, lê, escreve, cochila, disfarça,
Pensa, repensa, supõe, argumenta,
E vai pra casa;

Mais um cigarro pra acalmar os sentidos
Mais uma pílula pra reavivar a alma.

12 horas, 13 horas, 13 e meia, 14 horas, 14 e meia,
Rua!

Não adianta fingir organização,
o caos é o mesmo companheiro todo dia:
A insônia, poeirenta paixão!

Senta, conversa, arruma o banco, acende outro,
Chega, senta, lê, escreve, reflete
E, de novo, sai correndo;

Na parada de ônibus, dá prum cochilo
E a Coca-Cola Light faz as vezes do veneno!

Passa o dia com vontade de sumir
por entre linhas e mais linhas de hipertexto;
Depois, chega em casa e sorri
pro yuppie prolixo que vê no espelho.