segunda-feira, 21 de julho de 2008

Laissez le vôtre

Sob uma perspectiva recente,
vejo, vi e veria mil vezes o quanto não te disse
O quanto sofri e, às vezes, mascarei,
quantas vezes eu deixei
que tu andasses, caminhasses, caísses

Mas sem te proteger, eu esperei,
sob olhares às vezes intransigentes,
O que eu perdi ou ganhei assim, não sei,
quantas vezes disse e não pensei
que respondesses, sentisses, reconhecesses

Mas sempre o deixastes por ver!
Esperou tanto de minha inteligência,
sob um viés de subjetividade difusa, opaca
brilhastes,
e eu fiquei aqui, vendo,
eu vejo e vi e entendo,
que tanto brilho, tanta normalidade
tanta veracidade não era para ser;

Toda essa beleza que engana entrou pela minha porta,
e hoje, amanheceu sem estar na cama;

Toda essa leveza que meu corpo viu aqui nua, exposta,
hoje amanheceu bem longe da alma que a completa,
das palavras que a ferem e das mentiras que ela ama.

domingo, 13 de julho de 2008

Flies

They´re all melt in silence,
you wave your hands round and round
but all you catch are shapeless shades of tears

This warm summer´s breath,
is said to be driving everyone mad
but this room´s so quiet, i guess there´s nothing like fear

God knows how i´ve tried to hold you tight,
and seize the day:
I guess they´re leading our way...

So you´re searching for these flies at night
but they´re all already dead;
You´re dreaming of those blackened skies
but they´re all already red.

They step into violence,
kill each other with hands untied
but all they win´s a blood-stained hand of fate

The lights have been shut,
I´ve seen many faces of God,
and them all hurt and lead to the same disgrace

No one knows where to hide, ´cos we´re in the tide
tied to some selfish plan:
I guess everyone should just sit and wait...

Believe you got reasons to fight, but
clean up the blood in your hands;
You dream of souless devils, but,
look in the mirror, my friend.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

18h30, 30ºc


Uma cidade, dois quartos;
o cansaço de um céu escuro e quente
Um sol que insiste em se pôr tarde
uma noite que insiste em se fazer ausente

Dois bares à frente, nenhuma vontade;
Dois copos, um vazio, outro transborda
Um trânsito louco, perdido, duas pistas
um tráfego berra, rouco, os sinais calam
Mais uma nuvem de chuva que se aproxima.

Duas vagas, uma mesa, três cadeiras em volta;
Um céu azulado, dois passos e um atrás
Uns acordes dissonantes, incontáveis vozes
Uma mão flutua, entre tantos poucos amantes

Uma dança, dois passos nunca aprendidos;
Duas voltas para casa, a mesa lá, teimosa, fria
Uma garoa que nunca vai, a música lá fora
o silêncio aqui dentro,
que cala, consente, desafia;

Dez andares de escada, uma roupa e mais nada,
duas chaves e um carro, guardado,
Uma noite sufocante, um calor gritante,
dois berros abafados

Uma avenida, duas pistas, um cruzamento;
Outra nuvem de chuva, um sinal quebrado (verde)
Um cigarro, dois vidros baixos, um ponto cego
Dois homens armados, um grito, um sufoco, um berro

Dois silêncios, dois anoiteceres
vida e morte na cidade grande;