segunda-feira, 12 de maio de 2008

Soothin´


- Dizes que, com o tempo, tudo torna-se inércia,
que a passagem do tempo é leito
de sucessões e repetições dos mesmos erros:
mas, em algum tempo, haverá tempo
para se pensar sobre o torpor, a dor,
o descaminho e o (des)respeito?

- Não, pois hás de lembrar que, de falhos,
tornamo-nos meros contempladores,
como se algo nos livrasse de qualquer moral
E o que, outrora, chamávamos de valores,
agora são instintos juvenis de uma febre passional.

- Mas, se o que cultivas dentro de ti,
um dia chegasse às raízes das estórias
e fizesse, de todos, pequenos heróis em suas memórias
o que seria da melancolia, da frieza, da maldade,
senão hipótese?

- Nada, pois há algo de muito podre em tuas entranhas,
e, mesmo que negues, há demagogia em tuas assertivas,
hás de aprender, meu amigo, que não há beleza na revolta;
pelo contrário, há demência, loucura, passadismo, fantasia:
Hás de aprender que, de tão pensantes e sonhadores,
tornamo-nos instrumentos da pequenez de um grande opositor passivo.

- Deus?

(...)