segunda-feira, 15 de maio de 2006

Cursinho

Sentam-se, e a fila
Caminha uniforme
Os que vão, vão sorrindo
Aos que restam, a “sorte”
De aguentar mais doze meses
E mais doses de frustração
Mais sorrisos, e, às vezes
Acessos de imperfeição

Lá vão eles!
Ouvir a voz de quem sabe
Mas não fala; quem sabe
Deste ano não passa!
Daqui a doze meses
Mais uns irão embora
É o ciclo de quem insiste
Em sonhar alto em ter sua hora
E sua vez.

Entreolham-se, respondem
Sabem tudo, e excitados
Vão à luta, coitados
Já são décadas de infortúnio
“Segundos de sorte mudam tudo!”
Se trancam em suas redomas
Lêem nos fins de semana
Lêem suas vidas nos outdoors
E os carros passam rápidos demais
Os sorrisos lá se estampam, e se borram
Na promessa ilusória de que um dia terão paz.

E quem são esses
Que dão risada ouvindo rádio?
Não passaram; quem sabe
Ano que vem, nesse mesmo horário!
Deve ser triste às vezes
Se sentir jogado em um canto qualquer
Mas esse ciclo se repete para quem resiste
E não decide se quer seguir em frente
Andar diferente
Ou sempre cair de pé.

José Augusto Mendes Lobato 15/05/06

domingo, 7 de maio de 2006

Paz.

É fácil ser racional, sorrir de canto
Difícil é se entregar ao que sente
À perfeição inacreditável de cada minuto
À beleza de quem levas ao lado.

É fácil não ser "precipitado"
Difícil é julgar-se isento de anseios
Difícil é comprovar-se apaixonado!
Sem ter provas, sem nem mesmo palavras
Apenas tendo em mãos um sincero silêncio.

Quase esqueço de te dizer hoje
O quanto a cada dia me sinto mais próximo de ti
Nem existe fácil ou difícil, na verdade.
Apenas sei que, agora, posso sorrir
Estar um pouco mais próximo de mim mesmo
Um pouco mais em paz para sentir
Paz.

José Augusto Mendes Lobato 07/05/06

Sem comentários... xD

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Vinte e Um

Somos todos iguais
Perante o medo, respondendo sempre com o desespero
Buscando paz
Em abraços sujos de sangue
Congelando nossas almas, nossos corpos
E nossos olhos; e nossos sonhos, aonde estão?
Em nome de algo que nem acreditamos
Os apagamos, e vemos, mais uma vez
Mais "paz" nos tirando a liberdade das mãos.

Você sempre se sente atrás?
Como se, assistindo um filme, sorrisse
Esperando respostas que nunca vêm
Suas lágrimas já não caem
Sentimentos são ficção, tal qual as horas que assiste passar
Se reciclam, sobre as mesmas regras e convenções
E ainda finge que algo lhe faz feliz
Sorri por um triz, faca e pílulas em mãos, diante do espelho
Seu melhor companheiro
Mas, no fundo, sabe que não tem coragem
Joga tudo no lixo e retoma a realidade
Luzes, Câmera, Ação.

"Estou me sentindo só
Diante da busca por algo que desconheço
E o pior
é ver que nada do que desconheço existe.
Congelando, sentindo frio, sorrindo vil
Sem que nem porque
Em nome de um mundo que pretendo fingir existir só para mim
E para o coração que se afoga em meu peito
Em um mar de razões para não ter razão para sentir."

José Augusto Mendes Lobato 04/05/06

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Um ideal de solidão

Tardes sossegadas, taça de vinho em mãos
A sensação de que tudo se repete
Que tudo se reciclou
E você ficou ali, sentado, esperando
Alguém que nem te vê
Alguém como você, inerte

Caminha pela casa, desfazendo teias de aranha
Desliza os dedos pelas paredes
Em busca de marcas de outros dias

E nada lhe reflete melhor
Do que você chorando encostado na porta
Com a certeza de que não quer mais sair
De que não quer mais sorrir
Nem para si mesmo.

É um descanso que você se dá, meu irmão
Entregar-se uma vez, dar as mãos
Mas será que você não notou?
Você ficou aí, deitado
E ninguém veio lhe ver
E você dormiu assim, com as roupas a vestir

Levanta assustado, já é noite lá fora
Desliza as mãos pelo rosto, e, de olhos cobertos
Começa a lagrimar por mais um dia
Em vão.

José Augusto Mendes Lobato 01/05/06