domingo, 26 de fevereiro de 2012

Das Wartezimmer


De um dia pro outro,
Cansaste de mim, de ti, de tudo,
De todos;

Abraçaste as paredes, tateaste as portas,
Correste pela casa,
Gritaste, gozaste,
E, assim, riste - rija -, coração nas mãos,
me amaste,
como nunca e como sempre.

À primeira vista, teu olhar perdido,
Uma loucura herdada, mente cansada
Perturbada e sem viço;

Mas, lá no fundo, vi-te acordada,
Tão sozinha em tuas imagens,
Tuas pinturas borradas
De um mundo que não te merece
E que teu marasmo bem exige.

Meu corpo já é outro, feito pra ti,
pros teus braços,
Cansei de ser assim, dor em vida,
Ódio em alma, fundo do poço,
puro asco;

Joguei pelas janelas o que me feria,
com quem conversava e que não via,
Mas me perseguia;
As paredes suaram e gritaram a mim, em suplício:

Bem no fundo, essa tez transtornada
Me fez bem, te fez amar sem calma
À base de escárnio, de sofrimento e gritos;

Eis, aqui, a mais bela das verdades:
Tanta sensatez, tanta sanidade
Só nos fez descobrir mais tarde
Quão belos - e sãos - são teus demônios
E delírios.