sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Still


Estar assim é tão desconcertante, estranho
É quase como ver um filme sem legenda
Numa tela plana, frágil, descolorida
Quase como um cinema mudo, uma canção apática,
Uma voz reticente em meio a tanta gritaria;

Vencê-la sozinho é, talvez, impossível,
Doem as não-mudanças, as inércias, as frases repetidas,
As oscilações súbitas, as dores do peito e da alma,
A perda da paz de espírito, da calma,
Débeis e opacos são os caminhos que, para vencê-las, percorria;

Estar sozinho, às vezes, é um incômodo
Um convite à dor por vezes cansativa
De se encontrar, sempre, preocupado
Consigo, com os outros, com as idas e vindas
De ideias recorrentes, deprimentes,
perturbadoras e doloridas;

Estar contigo, porém, traz conforto,
Faz enxergar o quão pequenas
São as problemáticas, as preocupações,
Quando amor – que, diz-se, tudo vence –
Há de sobra,
E sobram, também, carinhos, afagos,
Mãos dadas e pequenas frases-poemas;
E poesia.