domingo, 21 de julho de 2013

Frame

                           

Dá cansaço estar em dia com tudo,
Diante dos mesmos problemas vencidos
Encarar o tempo livre como obrigação
- e toda obrigação como fuga -,
Viver um pastiche de vida
(todos os dias muito bem vivida)
Ostentar uma mente saudável, em paz,
Quando o que se tem dentro de si
É caos, fraqueza,
incompreensão e angústia
- tudo frágil e mundano;

Não, nada parece estar fora do lugar
Aliás, nunca esteve
e mesmo assim, sempre ao abrir os olhos,
O mundo ao redor parece girar
Tudo soa por demais cansativo
Conquista já celebrada, algo premeditada
É tão sóbrio, tão reconfortante,
Mas, ao mesmo tempo, tão repetitivo...

O marasmo de um sem número de detalhes,
Pequenas felicidades e pausas amenas
É o que nos faz render a mente, ontem hoje e sempre, à agonia:
Falseando sorrisos, engolindo em seco
e agradecendo todos os dias
Por parecer sempre agradável, inteligente, sagaz
Quando o peso do mundo está todo dentro de si,
É tudo disfarce
No fundo, sou (és?) dor, pequenez,
Incomunicação e vazio
- tudo insólito, mas inevitavelmente

humano.