sábado, 17 de dezembro de 2005

XII - Os outros


Ando de mãos dadas com o espelho
Me julgando tão capaz
Mudando o mundo com conselhos
Fazendo guerras de paz
Que a mim não trazem e não fazem
Diferença qualquer

Refletindo nos erros
Um "Quê" de querer algo mais
Mas não fazer nada
Já que não há nada
Mais do que feridas
Entreabertas à espera
da hora de sangrar em paz

Tão simples e práticos,somos nada mais que estorvos
Corpos suspensos em mais um matadouro
À espera de um milagre
Não nos peça mais
Do que um olhar inexpressivo
para o que deixamos para trás.

Não somos nada além de outros.

Olho para os lados e vejo muito pouco
A mais do que veria se fosse louco
Mas não é mentira que levo entre os dedos
Palavras engolidas em sonhos
E sonhos engolidos a seco
Entre um gole e outro de mais uma dose de desespero.

Tão lacônicos em discursos performáticos
Gritando por horas,ouvindo os ecos apáticos
Encherem o vácuo em nossas mentes
Não nos peça mais
Do que um ranger de dentes
Nas horas em que vemos
Que não somos nada mais

Do que mais um pouco do que um pouco mais
Do que mais um outro
Do que meros outros.

José Augusto Mendes Lobato 17/12/05

Um comentário:

Luiz Mário Brotherhood disse...

depois de ler o texto
grande amigo meu
poeta esmero

a conclusão veio à mim:
achava que eu era alguém
quem sabe, até um calouro
mas na verdade
sou somente
um outro.

hahahahahahaha
=D

ótimo texto gutovisk