sábado, 16 de dezembro de 2006

Duas Margens


- Diga-se de passagem: não és tu uma menina?
- Sou a vergonha de uma noite de amor vadia,
o vivo espelho do que não deveria existir.
- És o mesmo rio sem margem, que atravesso a sós
- Sou, calada assim, mais um fio entre tantas sedas
a rede que entrelaça teu corpo em singelos nós.

- E desta febre já sou curado: se achas que assim, excuso,
há algo aqui a ser reinventado,
desista! Pois o amor que em mim habita é recluso
Difuso, sem um foco e lentamente destroçado:
alheio à vida.

- Diga a verdade: por trás das mais nobres cortinas
Há um quê de sofrimento, uma sombra sem cor decerto
Sofrendo assim, manténs as rimas, mas diz p´ra mim:
Do que te escondes, senão da vida e de um jovem fim
cheio de incerteza, amor e retrocesso?

- O que já foi verdade agora é sina!
- Sou a enfadonha surpresa dos notívagos,
o par de pernas que se abre às esquinas.
- Sou o mesmo rio sem margem, o qual tornaste leito
- Silêncio! Em mim, vais encontrar, talvez um dia,
a doce menina que te carregou no peito.
- E que ela seja pedaço de mim, de meus amores,
de minhas dores e mais doces rimas.
- Que eu seja tua, enfim.

A quem anda tendo a paciência de ler esse blog pelos mais de doze
meses de atividade dele, muito obrigado.
É... sem dúvidas, escrever tornou-se, para mim, uma terapia. ;)

Um comentário:

Anônimo disse...

temos essa terapia, então.
muito bom esse blog, cara.