quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Life in a Coma

Posam assim, vis, para os olhos do mundo
Com a mesma inconstância e fraqueza
De quem um dia já sentiu, em mãos, a realeza
De cavar um poço e nunca atingir o fundo

E eles pensam ter a cura
Para seus dias sofridos e sem sentido
Para todo o sangue derramado,
Por cada pedaço de vida que lhes é arrancado
Por trás desse discurso gravado e do mesmo hino sofrido

Explodindo em ignorância
Engolindo edifícios, enterrando vivos
Homens, jovens e crianças!
Queimando bíblias, perfurando o seio
Pintando as faces com o mais puro ódio
Remoendo nos cantos o mais vivo desespero

Atravessando um solo sagrado
Queimando seus corpos frios,
Estão todos de peito inchado
Entregando-se em nome de um caos criado
Em torno da imagem de um acaso,
Outrora destino que nunca foi visto

Sem culpa do que pensar
Sem saber a quem culpar
Esses coitados, homens e mulheres,
Não têm rumo ou sentido
Senão uns aos outros matar
E amanhã acordar sozinhos.

É a sina de se acreditar
Em um Deus que, se existisse ainda,
Já não teria forças para suportar
A mais estúpida hipótese de estarmos vivos.

José Augusto Mendes Lobato 23/08/06

Um comentário:

Marcelo Ribeiro disse...

se deus está vivo, será que ele também já não mais suporta tudo isso? Muitas vezes penso que ele está em cada um de nós, tendo dividido sua presença ubíqua entre os 'carne-osso' terrenos...