quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Fumaça e Espelhos

As curvas que fazes à minha frente
São nuances negras que permeiam o ar
Segredam teus versos, confessos
De tamanha instabilidade e insensatez
E, estranhamente, bem-estar.

Falo de toda a dor
Que a liberdade, vil, lhe confere
Me diz apenas, estás realmente entregue?
Se mesmo viva, danças nua e me apertas o seio
Faz promessas vagas, alimentas anseios
Apenas para amanhã me fazer acordar

E ver a solidão sorrir p´ra mim no espelho.

Não vejo em ti todo o tormento que sentes
Eternamente, teu corpo está
Frio, segredo a ti meus mais sinceros
Desejos de tamanho sofrimento e dor
E, finalmente, absoluta paz.

Falo de tanto amor
Que a liberdade, a vaidade, me tiraram
Me diz, se não estou realmente entregue?
Se mesmo vivo, insisto em repousar sobre anseios
A mesma névoa que dança viva diante do espelho
É a tênue linha entre vagar sóbrio e me embriagar

Entre me deleitar no mais puro ódio,
Ou de olhos fechados, te amar.

José Augusto Mendes Lobato 03/08/06

Um comentário:

Marcelo Ribeiro disse...

A fumaça esconde aquilo que queremos ver. =]