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Tenho medo.
Procuro manter-me calado,
Falando descontrolado
e calando tanto anseio
Com o mesmo ar transtornado.
Sinto um arrepio
Tudo está tão nos eixos,
e como um aviso, percorro o seio
Em busca de um pulsar que acelera o passo
Com o mesmo beijo desconfiado
De quem um dia não sentirá mais medo.
É segredo.
Mas mesmo assim eu te falo,
Tento, indeciso, manter ao meu lado
Uma razão para sempre andar
E tropeçar com os mesmos pés direitos
E levantar com os esquerdos:
Amar-te é desafiar a força de meus punhos
E entregar-me à lona com as mãos no peito
Mesmo com o medo arrancando lágrimas,
olho para ti e a cada segundo te agradeço
Por me ensinar a ver com outros olhos o que sinto.
Por me dar mais e mais razões para acreditar no que vejo.
José Augusto Mendes Lobato 16/04/06
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