segunda-feira, 3 de julho de 2006

Jogo Frio


A luz do dia é seca demais para que eu te veja
Por através dos vidros mornos e dos cartões postais
És parte dessas ruas repletas de ódio e fúria
E desse mar de passos lentos e sentimentos mortais
A me perfurar a pele.

A seda é muito fina; não sei o que insinuas por trás
De pernas tão contidas a caminhar na rua em paz
Sou parte de tuas mentiras já vividas e da fúria de teus olhos
E neste mar de mãos contidas sou o som de uma palma
Solitária a te apunhalar por trás.

O jogo é frio, a cena é clara
És a espectadora, parte de uma cena já gravada
Abre essas mãos, que te ensino o passo novo
Como atravessar essa rua, parar o trânsito com o próprio corpo
E mesmo assim, ser apenas uma transeunte

Caminhando a passos soltos: Não quero que te vejam
Desnuda na praia, nua em cima das mesas
És parte desse cotidiano repleto de fel e luxúria
E nesse mar de amores perfeitos e fotos desfocadas
Encontro você bêbada no chão a lagrimar lamúrias

De jogos frios, cenas inventadas
És mais um corpo sem rumo, parte da noite, desnorteada
Abre essas pernas, que a cidade te ensina a viver
Verás que as regras são claras e o jogo é sempre o mesmo
Atravessa essas décadas a esmo
Que, assim mesmo, infeliz, aprenderás a com a solidão conviver.

José Augusto Mendes Lobato 03/07/06

Um comentário:

Marcelo Ribeiro disse...

Que bom que você gostou do intermitentes. Eu gostei tanto do seu blog, e acho que você escreve tão bem, faz bonitos jogos de palavras, bastante coesos e crassos, que te linkei =] apareça sempre que quiser =] quando to inspirado to sempre atualizando =] abração