segunda-feira, 1 de maio de 2006

Um ideal de solidão

Tardes sossegadas, taça de vinho em mãos
A sensação de que tudo se repete
Que tudo se reciclou
E você ficou ali, sentado, esperando
Alguém que nem te vê
Alguém como você, inerte

Caminha pela casa, desfazendo teias de aranha
Desliza os dedos pelas paredes
Em busca de marcas de outros dias

E nada lhe reflete melhor
Do que você chorando encostado na porta
Com a certeza de que não quer mais sair
De que não quer mais sorrir
Nem para si mesmo.

É um descanso que você se dá, meu irmão
Entregar-se uma vez, dar as mãos
Mas será que você não notou?
Você ficou aí, deitado
E ninguém veio lhe ver
E você dormiu assim, com as roupas a vestir

Levanta assustado, já é noite lá fora
Desliza as mãos pelo rosto, e, de olhos cobertos
Começa a lagrimar por mais um dia
Em vão.

José Augusto Mendes Lobato 01/05/06

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