Há certa beleza
em tanto silêncio,
em tanta inocência,
tamanha decência,
do acaso de poucos,
do interesse de muitos,
da censura dos loucos,
da riqueza dos eleitos
e pobreza dos súditos;
É de pouca fineza
entreter-se ao ver
tanta gente sem culpa,
aos poucos, perder
o senso de luta,
a certeza da justiça,
o idealismo, as frases prontas,
fugirem à mente,
serem dominados pela preguiça;
Há um conformismo, sim,
que consome as entranhas,
e as trivialidades cotidianas
tornam-se sustos,
e as paisagens urbanas,
com suas cores e formas desumanas,
tornam-se robustos ideais de civilização;
Quando não há mais força,
tampouco desejos,
E, mesmo assim, todos correm,
é sinal de que, de livres,
só estão os poucos que morrem,
e os loucos que colhem as sementes do auto-desprezo.
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