terça-feira, 24 de julho de 2007

Por trás dos poros

Sempre soei, por trás dos poros, vil demais para ser ouvido por vocês,
mesmo que tudo se resumisse a pequenas e antigas conclusões:

Descubro-me ileso, um homem-abismo, sem eixos,
perdido em uma sucessão de vultosas menções,
rabiscando, nas paredes, lascas perdidas de anseios
e novos caminhos para as mesmas direções.

Tenho, à vista, um cenário propício
para concretizar meu escapismo
por trás de rios de subjetividade:

Dou-lhes desejos, medos, nobres covardias,
individualismos, egocentrismos, porcarias
de introvertismos e tesas irrealidades!

Sempre quis ser, por trás dos poros, mais do que podia por vocês,
mesmo que renegasse o que restava de vivo em minha arte:

Destilo acordes e notas, pequenos versos e trovas,
desafinadas como se fossem naturais:
os mesmos deletérios em dissonâncias novas,
ecoando sozinhos em um resmungo à parte.

Tenho a coragem de muitos e a inocência de poucos,
a dimensão exata da demência,
sei a razão que vês em tanto alarde:

Estes ultrajes qual constrangedores,
ressentimentos e dores imbecilizados
São produtos de uma profusão de desvalores
de um raro inconformismo,
de um amor ao martírio de tenra inutilidade!

Um comentário:

Anônimo disse...

"a subjetividade tem as entranhas mais deliciosas"

Carlos Nestor