domingo, 24 de setembro de 2006

Monólogo

Prometo ser breve e não trazer a esta casa discórdia
Serei o primeiro a sair, e o último a te dizer
Que tudo que construí também é parte da tua história

E tudo que existe aqui é parte de mim
Serei o primeiro a não pedir que lembres
Já que estou indo embora para lembrar de ti

Não vês que esta conversa é inútil?
És a primeira a me ver como um homem comum
Como um infeliz,
assumo que tudo que vivo é fútil
E, invariavelmente, parte de mim,

e não faz mais sentido.
Eu sei que quanto mais rápido sair daqui
Menos terás sentido.

Prometo que este será o maior monólogo da história
Serei o único a te dizer, tudo que esteve aqui entalado
E agora deixo cuspir, com nacos sujos de memórias

Nada mais do que o pouco que, em ti, vivi.
És a primeira a desvendar o homem dentro de mim
Tão infeliz,
Assumo que vivo apenas o útil

talvez por isso seja sozinho assim.
Eu sei que, na mesma medida que sentir
Terei em meu peito mais espinhos.
E menos certeza de que vivi

E qual será o meu caminho?
Antes que isso acabe, me deixa sair!

Abre a porta da frente, dá um adeus diferente
Sem lágrimas ou palavras hostis:
Entende, meu bem,
São sinas muito comuns a qualquer homem:
Para que por elas viver fingir?

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