sábado, 14 de janeiro de 2006

XXIV - Deriva


Então chega a hora de um ponto final
Um pouco de gritaria cortando o silêncio
Não fosse o que eu próprio conspiro
Talvez fingisse uma tal inocência
Que não enxergo dentro de mim
Talvez sorrisse com naturalidade
E falasse mais o que não penso
Ou o que tento não pensar.
Ou o que tento não sentir.

Sim,eu por várias vezes tentei mudar
Tentei ser normal,tentei viver em paz
Tentei ver em problemas um quê de monotonia
Tentei me ver sorrindo,mas o reflexo no espelho
Me ataca,sorri descontraido,me desafia
A entender um pouco mais de mim

Mas não mudo,não dou razão,nem entendo
Brincando comigo mesmo,sempre sem rumo e desaprendendo
Sei que amanhã apenas farei um remendo
Nos sonhos e no futuro que mantenho à deriva.

Quem sabe mais do que uma tempestade
Não seja suficiente para despertar?
Vai ver nem um tapa na cara arranque esse sorriso
Essa máscara vagabunda talvez não caia com gritos
Mas sim com um simples "não" silencioso
Um choro meloso,real e contido

Tentei,às pressas,enxergar no ponto final
Uma razão para ouvir e ficar calado
Mas quem disse que eu me ouvi?

(José Augusto Mendes Lobato-14/01/05)

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