terça-feira, 27 de dezembro de 2005

XVIII - Contra o Espelho


Em seio pálido,morto
Meu corpo descansa
Um aborto de minhas paixões
São os cacos de um espelho
Que se perdeu entre dias

Entre instantes sem rumo
A mente na penumbra
Procura a sobriedade
Nas vozes que entre paredes somem
e contorcem-se em mentiras

O corpo sente o frio
Da lâmina fina a fundir-se
à alma em delírio
No desespero,estão contidas
As memórias destroçadas

O passo é lento e tranquilo
As mãos se apóiam entre os pés
e o abismo
Debaixo destes pés descansa
a trilha jovem percorrida

Pelos pés que ousam pisar
Nos espinhos das mesmas rosas
E as feridas a sangrar
Revelam,escondidas
A vida a pulsar...

...De um coração já destruído
Morto,em ódio embebido
E a morte agora se reflete
no espelho
A alma voa
O corpo cede.

O que meus olhos vêem é chuva
O sangue é o espelho coberto pelo
alvo Véu de ódio e insanidade
que alimenta a covardia

De ter em atos crimes
Morte em olhares
Dor em redenção
E a navalha,a sangue frio
Corta a pele apodrecida

E os pés já não podem pisar
Na terra batida
E a mente livre a planar
Covarde,se rende
à eternidade vendida

Aonde meu corpo descansar
Cairá de joelhos o monstro a me guiar
Por entre cenas inventadas
Pelo desejo,à deriva
Para trás fica a mesma voz
Que controla,que consome
O impulso e o instinto
A visão distorcida
Contra um espelho
De memórias perdidas.

José Augusto Mendes Lobato 27/12/05

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo,mas muito triste..eu fico insistindo nisso pq eu n te sinto assim...tão negativo!