Sem pretensões, sem referências pseudoliterárias, sem joguetes verbais de grande complexidade, sem autores obscuros de referência, sem nada. Só escrita.
domingo, 11 de dezembro de 2005
IX - Tua morte e o Véu Negro
Me trazes as mãos límpidas
Embebidas em teu suor
Esse que exalas quando me olhas
Transferes teu medo para meu corpo,
Teu Sangue.
Teu Ódio.
Meu Ópio.
Teu Medo.
Ainda assim,insistes que sou carrasco
Mas o que significa ser isso pra ti
O que faço?
Senão,de braços abertos te acolher e sorrir?
Minha Penumbra.
Teu Cansaço.
Tua Perdição.
Teu Desespero.
Em teus medos descobrirás a essência do teu existir.
A navalha não é mais nossa fuga
Em nosso corpo residem segredos
Eternizados em cicatrizes e nas rugas
Que embaixo das vestes,sangram e latejam.
Tua Dor.
Teus Gritos.
Meus Olhos.
Teus Espelhos.
Não libertarás mais do que toda tua fúria
Corroendo e rasgando,de dentro de teu peito
Entregue a mim,sou teu começo,meio e fim
O amor nos funde,gélidos,assim
O que nos resta é um último e eterno beijo.
Os Lábios.
O Feitiço.
O Descanso.
O Desejo.
Por trás do Véu Negro que ostentas,
uma última vez te vejo sorrir para mim.
José Augusto Mendes Lobato
11/12/05
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Uma visão da morte.A alma,a névoa negra dançando no ar,
enquanto o último beijo e o último olhar se entrelaçam.São
a matéria que resta,perfurando a leveza do ar puro com a
navalha do espírito.Os espelhos estão quebrados.
Os cacos,é claro,estão em outras mãos.
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