domingo, 18 de dezembro de 2005

XIV - Sobre Deus e o Diabo a Quatro


Deus te deu os medos?
Vai temer a todo mundo!
Deus te deu o desespero?
Olhe pra trás,vá a fundo!
Deus te deu essas mãos?
Descreva uma oração nesse ciclo sem pé nem cabeça
Dê aos céus mudos um pouco de atenção!

Deus calou tua boca?
Vai chorar mudo!
Deus lava tuas louças?
Vai pra pia,sujismundo!
Deus te deu teus ouvidos?
Descreva com o coração como se sente ao escutar
As mesmas fórmulas inexatas serem exclamadas no altar

Basta um ranger de dentes,
um omilia e um pouco de vinho quente
E saberás o que esperar de si.

Deus não leva à forca
Mas me leva ao serrote!
Deus é pai,é senhor
- Ser meu pai é um esporte!
Deus te deu tua essência
Descreve toda a sua demência erguendo ao céu
Esse véu de abstinência que te fez o pior réu de si mesmo
E o pior escravo de Deus.

Basta ter nessa mente inerte
Um pouco da vontade de ser seu.

Deus garante teu almoço?
Vai trabalhar vagabundo!
Mas não tem emprego nem escola
Vai pedir esmola pro mundo!
Deus te deu a inocência
Para que descrevas como quebrá-la em segundos
E cobrir a devassidão com um mar de virtudes
Que sequer tens!

Basta nas veias correr sangue
Para cobrarem de ti dez améns!

Dá a Deus as mãos calejadas
E os joelhos sangrentos
Quem sabe ele não te faz merecer o que tens?

Deus não aprova a guerra
Mas nos deu a ambição!
Deus não castiga a nossa terra
Mas a tira de nossas mãos!
Deus nos renova a cada dia
Mas somos os mesmos desde quando?
Deus nos ama e nos dá a vida
Mas por quanto tempo fingirá por nós ter encanto?
Deus é o tempo,é a verdade
Mas de que inverdade se fez a razão?
Deus é clemência,Deus é piedade
Mas que piedade é essa que não sinto em meu coração?

E Deus é pai de todas as coisas
Mas todas as coisas escapam do nosso controle

Então Deus não passa de mais uma coisa
Que enfiamos goela abaixo
No desejo desesperado
De não ter rédeas para nós mesmos

E botar nessas mãos imaginárias
Um pouco do que seria a razão
E do que seria um pouco de desespero
Fingindo ser a beleza da vossa criação
Essa deprimência que nos controla
Esse ouro que nas nossas mãos se torna esterco.
Essa merda de religião
Que não importa a opinião
É merda pintada
É merda sagrada
É merda abençoada
É merda e mais merda do mesmo jeito.

José Augusto Mendes Lobato

18/12/05


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Por favor,não pensem bobagem.Eu sou católico,acredito
em Deus e discordo de tudo que escrevi acima;apenas fiz
um poema imparcial sobre os ateus,nada a ver comigo =)
Abraços.

Um comentário:

Luiz Mário Brotherhood disse...

e o pior é que eu me identifiquei com o poema :O

de um jeito ou de outro, ele tá muito bom.
não sei como tu consegue se botar no lugar de tantas pessoas e escrever os detalhes que nem as próprias pessoas conseguiriam escrever. =D

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