Eu, ao contrário de você
Sinto saudades
E, quando ligo e te vejo na tevê
Encaro duas verdades
Relembrando tudo que deixei de viver
Para descansar mais um dia ao teu lado
Eu, igualzinha a você
Contraio o peito
E, como sempre, ingênua
Faço de teu corpo leito
E descubro que, neste palco tão perfeito
Sou apenas figurante no cenário
E, com todo o respeito
De um monólogo muito do seu otário.
Eu, apesar de você,
Vivo estes dias à parte
Acordar na mais solitária sobriedade
É exercitar a arte de ser sozinho
E, nesse quartinho imundo, sofrer
Para poder, nesse vazio, pintar meu quadro
E, de braços cruzados, nele aparecer
Cansei de respeito
E, como sempre, ingênua
Faço de minhas palavras atos
E descubro que sem ti não há vingança
E sem vingança, não há despeito,
E, com todo o respeito:
Aqui não há espaço para este amor otário.
José Augusto Mendes Lobato 06/08/06
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