Sem pretensões, sem referências pseudoliterárias, sem joguetes verbais de grande complexidade, sem autores obscuros de referência, sem nada. Só escrita.
sábado, 23 de dezembro de 2006
Passaredo
Não gosto de surpresas.
Se as reserva para mim, que sejam fontes de sofrimento,
E, para ti, não passem de novas (in)certezas
De que, pr´este mundo, não mais me reinvento.
É tão ridículo!
Foram anos assim, construindo um homem feito
E, para ti, que fugisse ao máximo do imperfeito
E que ele nunca me fosse um ideal de beleza.
Foram tantos sentidos às mesmas normas
Tantos ruídos nas mesmas trovas
Tantas mãos batendo à mesma porta
Foram tão vendidas as surpresas,
Tão tediosas as incertezas novas!
E esses cortes que me ensanguentam as vestes
São, agora, infelizes provas
De que não gosto de incertezas:
Não gosto de surpresas, ora!
Se a vida as reserva para mim, que sejam meu único alimento
Os sonhos, o ópio e os instintos mais rasteiros:
Neste mundo, tudo o que nasce já é decadente,
E, é claro, o mais puro ideal de beleza!
É tão ridículo!
Eu prometi a mim, que, quando fosse embora, dar-te-ia razões.
Estivesses feliz ou não, com as tuas antigas paixões
Fugazes, efêmeras, incompletas.
Vou, agora, na (in)certeza de que me espera o caminho mais bonito;
Mas, para ti, meu bem, ainda não: resta-te o infinito!
Vou só, por que não vivo feliz aqui,
Perdido em meio a tantas convenções,
Esperando novas versões dos mesmos sonhos encardidos.
* Foto retirada da exposição "Por Enquanto", em cartaz no IAP (Instituto de Artes do Pará) no segundo semestre de 2006.
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