Sem pretensões, sem referências pseudoliterárias, sem joguetes verbais de grande complexidade, sem autores obscuros de referência, sem nada. Só escrita.
terça-feira, 10 de janeiro de 2006
XXIII - Reflexivo
E pensar que um dia já andei em passos marcados
Exclamei frases soltas que se completavam
Vi a simetria de todas as coisas que se anulavam
E pensar que tinha um sorriso travado na boca
Que exibia com todo o estardalhaço
Meio sonso,meio cansado de pensar
Inconformado por natureza com minha incapacidade de calar
Os outros...e que outros seriam esses não fosse eu
Para lhes dar um anti-modelo
Um dos piores pesadelos que a natureza lhes concebeu?
E pensar que um dia já fui objetivo
Mesmo quando escrevendo para mim mesmo
Lembrar de cada hora redigindo linhas e mais linhas de texto
Tentanto me dar consolo por ser tão ridículo
Tão errante e tão improdutivo
Já até fui compreensivo!
E pensar que um dia já levei tapas na cara
E os respondi com abraços...
Meio sem forças,cansado de me revoltar
Tentando andar de volta nos trilhos,pisando em falso
Dando impulso nos passos,tentando encurtar o caminho
Que tão bem conheço
Peço,aos berros,um espelho
Pra ver se tudo o que eu vejo à frente já não vi dentro de mim
E olha só que ironia
Um dia todos esses desgraçados,que agora dão risadas do meu desespero,
já me deram conselhos e me fizeram acreditar que,sim,
não devo seguir conselhos.
E pensar que já tive uma direção para onde arrastar meus pés
E só me resta agora esse chão batido para pisar
E pensar que o que tive foi medo
E não é que não soube os vencer?
Pois é...
Eu lutei,mas não consegui engolir a mim em seco
Eu gritei tanto para Deus!
Pedi para ele me mostrar o sentido de tudo que eu sinto
Recebi o silêncio em resposta
E assim,sem retóricas,
voltei para casa e fiquei deitado chorando baixinho.
Contando as lágrimas que secavam no lençol
Contemplando toda a solidão e toda a tristeza de ser apenas eu mesmo.
José Augusto Mendes Lobato 10/01/05
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