Que cenas belas me trazes,
nesses pequenos punhados de sal e vento
teus dedos penetram, hoje, a surdez dos mares
e a loucura dos ares que enrubescem o tempo
E trazem, consigo, contigo, essa riqueza inerte
de sensações, anseios, devaneios e transvirtudes vagas,
essa poética algo melodiosa e frágil das águas revoltas e ondas cálidas
e da brisa febril que - diriam - tem algo de mágica,
esses cenários que trazes das velhas praias:
Paisagens férteis à alma,
mas que, por ti e por mim, são transformadas em dor e torpor físico.
Quais são os mistérios que mesmas vozes,
quando voltadas a nós, fazem tornar em medo:
Miragens, impressões, variáveis... hipóteses?
Ou será que as formas de uma quase-arte de fingir (ainda) nos é alimento?
Ao sabor de um andar de curtos passos, forçados,
formas pegadas de uma tal imagem de memória seletiva,
deixando para trás toda e qualquer invenção ou forte assertiva,
como se essa infância tardia, quase senil, lhe fosse qualidade,
como se de nada nos servissem tanta poética, tantas imagens:
É essa mistura de água, sal, areia e anacronismo
que, em ti e em mim, ganha vulgaridade
ultrapassa as barreiras e o indolor da subjetividade,
para, aqui, tornar-se alimento carnal aos prazeres do espírito.
2 comentários:
guto... tu posta e nem me avisa mais. tu não queres mais que eu leia tuas coisas?
Palavras belas em frases singelas.
Tu passas o que pensas, eís um virtude de poucos. Eís o que torna significado, ao simples formar de frases, que leigos não compreendem. Não basta ser alfabetizado é necessário sentir os signos, implícitos nas junções de letras.
Parabéns por tua escrita...
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