Dizes a mim, Não tenhas pressa!,
tenhas calma, que é tão simples assim,
falar dos outros, falar de si,
fingir-se outro, mesmo que só o faças para conseguir dormir,
É tão polêmico, isso, tão experimental,
tenhas paciência - Quem diz agora, sim,
sabe que fingir-se louco é narcisismo pouco,
e, com tantas frases e esse ego solto,
pouco resta para dizeres a mim;
Vives por eles?, questionas depressa,
mas haja insistência para tanta voz me extrair,
quem sabe ninguém mais se recorde,
dessa voz que cantou em capela, sem acordes
ou dissonâncias, a noite quente e velha,
que me faz suar, cantarolar e sorrir...
A beleza inerte dessas bordas velhas,
desses sorrisos sujos e pequenas grandes vielas,
a planície esverdeada, quente, tropical, abafada,
como que cansada de me ver torcer por sua queda!
Dizes a mim, Não tenhas pressa!,
tenhas calma, que é tão simples assim,
reclamar de todos, e de alguns poucos que estejam por perto,
em brados sóbrios e polidos, repletos de arroubos filosóficos,
poemas bobos e sentimentos tórridos,
afinal, o que falar se ainda não há alternativa a fingir?
- Pois eu digo a todos, Vão à merda!,
com certo ar jovial e a alma, essa sim reluzente,
porque essa sujeira, essa velhice, essa poeira,
já não é mais guardada por ninguém,
já não é parte de ninguém além,
parte de um além de ti e de mim.
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