quinta-feira, 27 de abril de 2006

Anseios

Às vezes sinto que não me mereço.
E isso é motivo de risada
Mas é a verdade,
Não sei se não dou valor ao que tenho em mãos
Ou se simplesmente não acredito que completo alguém
Ou que ao menos trago paz em meu coração.

Às vezes acho que não me conheço.
A cada dia, mais pensamentos avulsos
Medos confusos,
Não sei se afundo por pura fraqueza ou por pressentimento
Sei que é culpa de um comportamento meu, eu tento
Mas não consigo engolir com os punhos cerrados o que sinto.

Sabe o que me dói mais?
Eu posso posso estar me perdendo
Posso estar te perdendo
Sem nem perceber
Estou caminhando muito rápido
Gritando muito alto
E me esquecendo de contar meus passos com calma
E olha que presto atenção em cada aviso.

Às vezes esse cara que eu vejo no espelho
me parece um tanto indefeso
E eu já cansei de tentar mudar,
E eu não quero mais ter tanta certeza do que vejo.

Você.
Você.
Você.
Sim, você.

Sabe o que me tira a paz?
A certeza de que não posso ter certeza.
Posso estar gritando com o vento.
E nem perceber
Que estás calada do meu lado.
Sorrindo contra a meia-luz
Enquanto conto os teus cabelos e me entrego assim, fácil
A um amor que sei que posso afundar no anseio
De sentir o que não deveria ter sentido.

José Augusto Mendes Lobato 27/04/06

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