Tanto tempo que não te via
para te encontrar assim,
Em outro mundo,
Agindo – por impulso –,
Entregue à própria raiva,
Com a (c)alma em pedaços
E sem um ombro
para apoiar o corpo frágil,
desnudo.
Estás – estavas? – assim,
descrente,
Engoliste em seco a si mesmo,
Todo o passado,
Presente-futuro,
Os traumas,
Tudo e todos
Que te feriram
Hoje são a ponta da faca
A cortar as arestas dos teus sonhos;
Então cada dia a mais, para mim, é passagem;
Imagem de tão velhas memórias
Em que, de algum modo,
Já eras outro.
Toda aquela gente não te entendia
E te forçou a lutar assim,
Desse jeito torto,
Mentindo a si mesmo – ao mundo,
Enviou todos ao inferno
Com seus escândalos e passos em falso
Dormiu sem ninguém ao lado
para acalmar os ânimos,
fazer crer de novo:
Estavas – estás? – vencido,
De algum modo entregue,
Não aceita viver mais assim, a esmo,
Tanto tempo estragado,
Futuro inerte, vago,
A paz que nunca vinha;
Toda aquela gente
Que impunha, intervinha,
que te ignorou:
Tão mesquinha!,
Hoje está à volta desse corpo sem alma,
Rasgado pela vida amarga,
Chorando por mais um que atravessou a margem;
Imagem de uma – conhecida – velha história,
Hoje soube de ti, e de algum modo,
Já sabia que estavas morto.
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