Há uma luta que perdura nas entrelinhas,
e não passa de um vir-a-ser unívoco
Dois personagens em um mesmo discurso
atrelando à toda a deriva um só sentido
E descobrindo-o tão sofrido e fútil.
Como se nós fôssemos corruptos
que traíram a paz dos infelizes
Enxergando a beleza de ter os corpos desnudos
sob os lençóis encardidos do desatino.
Sou o menos belo, bom e útil
que tu possas imaginar:
Sou a carne e o espírito do desperdício
onde vês artifícios para, um dia, amar.
Há uma derrota que já se faz ouvida,
mas prometo, por ti, não a prolongar demais:
Se não me perdoas,
me perdoe, mas meu lugar não é aqui!
Esse ar abafado me perturba os sentidos:
É apenas o vício,
de confiar demais e um pouco menos em ti.
Se não acreditas,
acredite, eu não pertenço nem a mim mesmo!
A pressão me arranca o que resta de espontâneo,
Eu não existo para contradizer instintos,
eu não preciso por inércia ser ouvido:
Só resisto porque não quero existir mesmo!
Não nessa terra de poucos e estranhos amigos
De tão parcas coincidências e tão vastos amores
que, por mim e por ti, se fizeram sentidos.
* Homenagem ao filme de David Lynch, "Coração Selvagem".
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