Ele tenta centrar a cabeça,
sei lá - dar as voltas por aí que sempre soube dar:
descansar, quem sabe, às vezes,
faz (ou fez) sentido: dormir, nada-fazer,
sorrir, pensar;
Mas quem dera bastasse isso;
a voz que fala, em tom omisso,
que está na hora de acordar,
logo lhe vem à mente:
passa o sono, acorda!,
já foi-se o tempo de deitar;
Ele escrevia romances,
sem sentir medo, sem vê-los no espelho,
sem viver nenhum,
só lhe bastava ver tudo aquilo passar;
Era tal qual filme escrito,
verso e rima pobre, canção sublime
do dia-a-dia que doía não poder passar.
A vida era tão diferente:
ele tentava esquecer dos problemas,
dos contratempos, das asneiras cotidianas
- seu mundo não era das coisas mundanas... -,
mas há de se convir, é preciso viver aos poucos,
O há-de-vir nos é, sempre, pequeno,
é promessa e veneno
que envenena ao longo dos anos,
que nos faz menos loucos;
Bem que ele tenta virar a mesa,
jogar tudo pro alto e apostar errado
é só arriscar - fazer as besteiras, dar o que falar;
mas os tempos são outros, agora é certo,
está centrado, estático, correto,
Tão amarrado que parece homem feito,
tomou jeito,
e, agora, fica velho;
Quem dera estivesse satisfeito,
no peito, sabe que é tudo mentira,
quase-vida sem cores, amores,
romances e versos.
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