sábado, 29 de março de 2008

Postmodern

As linguagens enganam de tal forma
que qualquer noção de espaço e tempo, ora
medida aos berros e aos gritos
Agora é feita de sussurros e fingimentos
tão fúteis, pequenos remendos fugidios
de pequenos recortes em nosso escasso,
porém, mal-usado, tempo;
não é preciso meias-palavras ou outros termos
basta falar que elas, lentamente, mudaram
e sem a intenção de nos fazer segredo;

E, há pouco, alguém clamou,
que os muitos pequenos tropeços eram um presságio;
mas que aviso é este que nada indica?
(Aliás: alguém, hoje, ainda comunica?
Pois o que parece é que a língua sobrevive nos lábios,
mas, jamais, no papel e no bom senso);

E nos espaços contíguos de quem senta, lado a lado,
e sequer olha pros lados, como que esnobe e egocêntrico,
na verdade, há quem diga que tamanha vaidade
não passa de máscara e falsa sobridade
vestida às pressas para remendar o medo;

E, assim, as pessoas se enganam de tal forma,
que lhes parece falso admitir estar certo,
e ver que, de perto, as loucuras tão crônicas
das ruas, esquinas e cidades, megalômanas,
são o reflexo vivo de um futuro incerto,
porém, fadado ao cansaço:

Pois esperar, esperar, esperar, é o lema dos tempos modernos
e ninguém precisa de meias-palavras ou meios termos,
abstrações linguísticas, fingimentos ou sorrisos a esmo:
basta viver em um espaço-tempo (im)próprio, e nele, insistir
em dizer e fingir que, não,
não estamos loucos, pobres de espírito e indefesos.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Half a page


Quite strange, but it´s raining on the inside
though the sky´s quite blank, and these words are claiming
but never echoing,
it´s such a shame, for our hands are all tied;

These are silent nights, but daylight´s never coming
in the gloowy corners of this damn room,
but it´s quite clear, they said it´s a path with no way out
but we´re all still believing
until the sounds of your moaning;

They say someone´s got to be leaving
to leave something better inside our minds,
so who´s to claim it shouldn´t be now
it could be tomorrow, next year, in another life

However, it´s the unwritten next page
of next day´s silent mournings that you´ll leave behind
while we´ll need to stand on the outside and breathe
forget it all, at least for tonight;

Quite strange, but no one expected it, for nowadays,
when nothing and no one seems to be alive in memories,
you´ve left someone, somewhere,
and though you´re not here or anywhere,
many will know you´ll be alive in everyone´s tears.

quarta-feira, 19 de março de 2008

So

There´s something, somehow charming,
in letting out the worst thing i´ve been feeding inside,
for no one knows how it´s such a shame for us
not to be ourselves, neither be you,
under this goddamn white light;

There´s smoke in the air, dirt on the ceiling,
This room´s much too gloomy to stand still and smile:
for do you ever feel so ashamed
not to be yourself, neither be him,
when you´re standing in here, under goddamn bright lights?

When everybody´s watching,
everyone´s a living scorched damned disgrace,
And while the curtains remain falling
These weak smiles turn into one hellish face;

There´s something, somehow, darling,
that´s unveiling your mask and leaving you blind
for everyone knows how such policy, such high hipocrisy´s
leading someone to its own loss,
leading someone to its own unreal pride.