sábado, 9 de janeiro de 2010

Colours #3


Por vezes sentia raiva daquela pequenez:
daquelas ruas repletas de ignorância,
daquela gente sem civilidade, inteligência ou tolerância;
Sentia nojo daquela cidade sem eira nem beira, sem lei,
e sem sequer um elemento que lhe desse beleza, textura,
fragância;

Doía no peito a insensatez daquelas (outras?) pessoas:
via-as generalizar, impôr olhares, fingir-se cultas,
mas triste mesmo era vê-las assim, desnudas:
Tinham nos olhos aquele brilho provinciano, decadente, passadista,
aquela suposta essência de uma gente natural, quase mística, pobre de espírito e miserável diante das outras:

Era, enfim, o primeiro sinal,
de que talvez tudo aquilo não lhe fosse tão estranho.

Costumava nutrir certo ódio por meias-palavras:
sabia do calor insuportável e dos modos tribais daquela gente,
para muitos, porém, não passava de jovem emergente,
mais um implicante, hormonal e ardente,
diante de toda a gente que conferia, a essa terra nojenta,
charme;

Não passava, no entanto, de uma desilusão das mais sinceras:
sabia ter em mãos a chance de nunca mais voltar,
mas sabia que, assim que desse, tornaria a visitar
aquela terra de tão estranhos costumes, de tanta imbecilidade,
de tão imensas dores, desamores e contrastes, pois ali havia
charme:

Era, enfim, um ponto final
para uma história de vais e vens com aquela cidade
repleta de amores, desamores
e desastres.

2 comentários:

Pris disse...

Gosteii! Você é o autor?

Caranguejunior disse...

Olá Poeta, bom ler isso aqui...
Abraço.
Visite, http://poesiadedaremdoido.blogspot.com