domingo, 5 de agosto de 2007

Trouver

Encontro-me são, preso a um tato que finge-se sóbrio
Mas o é por inércia, e assim, em mim, prende-se
em um vagar solto de idéias divagantes e palavras tangentes
Que escapam ilesas por entre memórias intermitentes
Como se a dor fosse um caminho,
e caminhássemos por ela, óbvios...

A cada taça, a cada garrafa
No décimo cigarro, debaixo da escada
Por trás das janelas fechadas, nos cantos:
Entre lençóis e livros, nos lábios berrando.

Na água, no vinho, no foco do olho mágico
Em decotes, vestidos, ventos frios, no pátio
Na rua, na esquina, na porta do banco:
Entre pensamento e ação, nas mãos abraçando

Teus seios e mágoas, a cor dos lenços na mesa
A ordem dos pratos, o tom amargo da sobremesa
As mentiras lavadas, os pratos quebrados
Os copos cheios na cama, pingando calados.

A cada orgasmo, a cada tropeço
No décimo café sem açúcar, eu vejo
Por trás dos encontros e acasos fingidos
Entre o som e o silêncio, teus gestos exíguos

Te encontro novamente...
Pois embora encontre-me são
Nossos encontros são revoltas silenciosas
de uma paixão já decadente:

No oco, no sólido, no dançar das pequenas horas
No táctil e no subjetivo, desconstruindo outras histórias
Por trás de canções as mais mortas, tua voz ainda ecoa
A cada taça, a cada garrafa, em porres loucos minh´alma voa

E te encontra novamente...
No foco, no borrado, no tilintar do esporro
Nos becos inacabados, nos pontos finais tão poucos
Entre deboches, falácias, melancolia e instinto

Encontrei-te, meu amor, fingindo que não existíamos.

(À poesia)

Um comentário:

Mayara Luma Maia Lobato disse...

nossa, amor, esse tá bem álvares de azevedo! hauahauahauahua

muito bom, muito!

te amo

:**