Encontro-me são, preso a um tato que finge-se sóbrio
Mas o é por inércia, e assim, em mim, prende-se
em um vagar solto de idéias divagantes e palavras tangentes
Que escapam ilesas por entre memórias intermitentes
Como se a dor fosse um caminho,
e caminhássemos por ela, óbvios...
A cada taça, a cada garrafa
No décimo cigarro, debaixo da escada
Por trás das janelas fechadas, nos cantos:
Entre lençóis e livros, nos lábios berrando.
Na água, no vinho, no foco do olho mágico
Em decotes, vestidos, ventos frios, no pátio
Na rua, na esquina, na porta do banco:
Entre pensamento e ação, nas mãos abraçando
Teus seios e mágoas, a cor dos lenços na mesa
A ordem dos pratos, o tom amargo da sobremesa
As mentiras lavadas, os pratos quebrados
Os copos cheios na cama, pingando calados.
A cada orgasmo, a cada tropeço
No décimo café sem açúcar, eu vejo
Por trás dos encontros e acasos fingidos
Entre o som e o silêncio, teus gestos exíguos
Te encontro novamente...
Pois embora encontre-me são
Nossos encontros são revoltas silenciosas
de uma paixão já decadente:
No oco, no sólido, no dançar das pequenas horas
No táctil e no subjetivo, desconstruindo outras histórias
Por trás de canções as mais mortas, tua voz ainda ecoa
A cada taça, a cada garrafa, em porres loucos minh´alma voa
E te encontra novamente...
No foco, no borrado, no tilintar do esporro
Nos becos inacabados, nos pontos finais tão poucos
Entre deboches, falácias, melancolia e instinto
Encontrei-te, meu amor, fingindo que não existíamos.
(À poesia)
Um comentário:
nossa, amor, esse tá bem álvares de azevedo! hauahauahauahua
muito bom, muito!
te amo
:**
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