Se um dia fui um poço de inconformismo
Aos berros de asco, lhes provocando a esmo,
E se, assim, lhes mostrei o pouco que vejo,
Peço desculpas a vocês por tamanho egocentrismo.
Já fui menino, e assim sonhei com outros tempos
P´ro mundo dei de ombros: eis o resultado!
Um homem que envelhece numa redoma de aço
Entre livros e cansado, atolado em cigarros e escrevendo.
Aprendi a aprender e estudei a sua história,
Absorvi a metafísica, todas as fórmulas e conceitos;
E se a (cons)ciência nos dá, agora, certo orgulho no peito,
Levantemos então nossos diplomas hipócritas:
Saudemos os pós-doutores
Quanto mais burros, enferrujados e cheios de si,
Mais merecem nosso humilde respeito.
Se envelheci cedo demais, e o que está à minha volta
É prosa de um povo abobalhado, absorto em ideologias,
E se faço parte do coro, dissonante em velhas notas
Peço desculpas a vocês pelo fim do ódio e da histeria.
Aprendi a perder e perdi o rumo dessa história,
Engoli em seco o substrato de mil teorias falidas;
À demência, fica o fardo de guiar a minha vida
Ser assim é perder toda a beleza da retórica:
Enfim, saudemos os velhos amores
Os homens de hoje, de tão burros e cheios de si,
Enterram-se em versos de euforia!
E se a cólera de hoje são as meias-palavras
Vendidas nas esquinas por mendigos e delinqüentes,
Desculpem-me, intelectuais lustrosos e decadentes,
Mas a beleza reside nessas frases soltas e inacabadas:
Há uma poesia natural à vida, que renega o que de bom há
E, por vãmente o renegar, nos faz sentir jovens e ardentes.
(19/04/07 - fazia tempo que não escrevia algo extenso...)
Sem pretensões, sem referências pseudoliterárias, sem joguetes verbais de grande complexidade, sem autores obscuros de referência, sem nada. Só escrita.
quinta-feira, 19 de abril de 2007
sábado, 14 de abril de 2007
Mal-do-Século
Quando uma paz imensa floresce
em meio à confusão
de dias loucos e sem rumo,
você esquece, que sem direção
nós já somos,
o que nos falta é dar uma chance
ao previsível e ao oportuno.
Assim mesmo, dando de ombros
esqueçamos o quanto somos despreparados
o quanto se sabe do que sabem de nós,
afinal, nada mais vai dar errado
nós já o estamos,
o que nos falta é ligar os pontos
e no reatar dos nós,
descobrimo-nos escravos
De um roteiro em que não temos voz.
* E quando os rumos profissionais parecem estar finalmente se ajeitando, eis que (mais) um imprevisto joga o que vos escreve no emputecimento de praxe.
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