Sem pretensões, sem referências pseudoliterárias, sem joguetes verbais de grande complexidade, sem autores obscuros de referência, sem nada. Só escrita.
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Stiffened
A gente sempre se cria
Como expectativa
Esperança que alimenta
Fica cercado de olhar
Pensa em tudo – meticulosamente
Se reinventa
Percebe que estão à volta,
[presença tensa]
E aí teme desabar
E o medo da gente
Passa a ser o medo do outro:
De uma cobrança que se projeta
Cercando nossos passos;
Apesar de tudo que – teimosamente –
A gente tenta
No fundo, é frágil
A diferença entre o que espera
E o que descobre,
de um jeito amargo e frustrado
A gente é pura incerteza
Pisando em caco de vidro
Deslizando os dedos num corrimão falso
A gente não pode perder a beleza
Só porque se sente perdido
Descobrindo-se vivo num pequeno fracasso
A gente se dói por outra gente
Porque sabe como é estar ferido
E mesmo assim ser fingido no cansaço
Porque sabe que tem que estar erguido
Forte, resistente
Quando tudo o que a gente quer
É dormir uma semana, um mês,
o que dormiria toda a gente:
quando o que a gente quer é afeto em silêncio,
e uma dor em pequenos pedaços.
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