sábado, 24 de fevereiro de 2007

Ultraviolence



- Não foi por falta de aviso:
- Viver aqui é não ter amor próprio
Remoer, remoer e remoer seu próprio desfecho
Sob a meia-luz decadente do velório
que é aqui - ou ali - viver.

Veja só, eu nunca fiz mal a ninguém
Um belo dia, acordo e vejo:
Mais mortos ao amanhecer
Mais gente chorando, mais rosas brancas
Mais enterros!

Levam pedaços de si - ou seriam de mim?
Enfim, esses pequenos destroços de memória
em carne viva, que me ferem a retina
são a simples revolta de uma história
resumida na mesma velha sina:

- Estar vivo?

- Sim; e além disso, vivo ser feliz.

* Homenagem à merda de dia que foi hoje, às pessoas que sofreram hoje, às coisas absurdas que aconteceram hoje, à tristesse de só mais um diazinho qualquer.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Depois do Começo


Quando há pequenas coisas,
e elas se tornam feridas,
e elas crescem e nos dominam,
e viram assuntos indiscutíveis;

Quando as mentiras são poucas,
e mais vale calar-se sorrindo,
e a consciência não mais nos poupa
da verdade que perfura os sentidos;

Quando toda crítica é louca,
e todos, menos vocês, estão ouvindo,
e nem mesmo suas lágrimas roucas
são capazes de calar meus gritos;

Quando há grandes fatos,
e, para eles, não há argumentos,
e eles alimentam-se de sangue
tal qual cânticos violentos;

É a hora de cerrar os olhos e fechar a boca,
e estar pronto para seguir seu caminho:
Seja, no meio dele, se perdendo,
seja levando tiros na estrada
que leva um homem ao seu abismo.
* Everything okay with you guys? I´ve been a little too busy to keep writing these days... now i´m back, hope you enjoy... hugs.